Ciclo de Palestras 2015

terça-feira, 19 de maio de 2015

Utilizar a Corrente Crítica em Projetos Vale a Pena?

A corrente crítica é uma particularização da Teoria das Restrições, desenvolvida pelo físico israelense Eliyahu Goldratt, aplicado ao gerenciamento de projetos. A corrente crítica já apresenta suas diferenças em relação ao método clássico desde a etapa de planejamento. Nós, praticantes do gerenciamento de projetos, sabemos que, a sequência de atividades, cujo atraso em quaisquer delas provoca atraso em igual intensidade no projeto como um todo, é chamada de caminho crítico.

Goldratt pressupõe que quando os planejadores estimam as durações de suas atividades, já inserem um adicional de segurança, tornando-as mais longas para garantir as suas entregas. Entretanto, observações de aspectos psicológicos mostram que ações que podem ser realizadas em determinados prazos, não costumam ser finalizadas nesses prazos caso haja tempo adicional disponível. Esse efeito é conhecido como procrastinação ou a "síndrome do estudante".



Um aluno que possui quatro dias para se preparar para uma prova provavelmente não gastará mais tempo em sua preparação do que aquele que possui seis dias para se preparar para a mesma prova. Isso reforça o paradigma que todos os projetos não cumprem seus prazos, ou seja, atrasam.
Goldratt então sugere que os excessos colocados nas durações das atividades do caminho crítico atribuídos aos executores sejam aglutinados e transformados em buffers (pulmões) que serão consumidos conforme as atividades atrasem.

Mas qual seriam as vantagens de se utilizar os tais pulmões? Primeiro, o aspecto psicológico ligado á procrastinação seria reduzida ou eliminada pois os tempos repassados aos executores não conteriam folgas e depois os recursos críticos serão melhor utilizados pois não terão de se desdobrar em diversas atividades ao mesmo tempo.

Então, por que não utilizamos sempre o método da corrente crítica em nossos projetos?

Por que são baseadas em premissas, que nem sempre se aplicam às nossas realidades. Por exemplo, quando você está premido por uma determinação da diretoria que o seu projeto seja concluído em um prazo curto, certamente você não irá utilizar atividades folgadas, pelo contrário você terá vontade de omitir algumas relações de precedência, o que, com certeza, não é uma boa prática!
Os países em desenvolvimento, em franca expansão, com recursos escassos e necessidades de entregas para ontem, são os que mais sofrem esse efeito invertido na fase de planejamento.

Então antes de optar em usar o método da corrente crítica para melhorar o desempenho dos seus projetos, verifique se as premissas que servem de base para o método correspondem ao seu ambiente de projetos.

Postado por:
Bruno Lucena, professor e especialista em gerenciamento de riscos em projetos e programas.

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